quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ô de casa!

Lembro quando tu chegavas aqui em casa, de mansinho, este teu jeitinho manso, calmo. Entrava devagarinho, chamando lá nas peças, falando um “ô de casa!”, com a tua voz rouca, voz de velhinho, voz de quem já falou e lutou muito nesta vida. Eu daria tanto pra te ouvir chegar de novo, pai! Não consigo nem imaginar qual seria a minha reação, tamanha a minha felicidade em te ver novamente. Foi bem assim que sonhei contigo uma vez. Que te via chegar ali pelo corredor e eu ficava tão faceira em te ver.  Quando vou te ver de novo? Onde tu estás agora? Estás bem? Que nó imenso e doído na minha garganta! Tu me vês? Tu sabes como estou? Ah, pai... há tanto que não conversamos. Aqueles chimarrões ali na sacada fazem uma falta tão grande. Eram regados com muito amor, com tanto carinho. Eu não te falava dos meus problemas, desde cedo me incutiram que eu não devia te incomodar, mas ainda assim tu me confortavas de uma forma que ninguém mais faz, apenas com a tua presença, com teus olhos bondosos, com tua ternura.



Meu velhinho querido. Aparece nos meus sonhos. Vem tomar chimarrão comigo na sacada, na tua sacada pai, nem que seja enquanto dormimos. Eu te amo. A tua ausência só não é maior porque me consola o fato de teres parado de sofrer. Consolo este que eu empresto destas teorias religiosas e que preciso para poder continuar vivendo. Fica bem. Me espera!

Nenhum comentário:

Postar um comentário