sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Para a Galega

Cláudia Diely e Cíntia Viviane
Amigos nos fazem lembrar quem somos. Amigos nos mostram o caminho, nos trazem de volta.
Eu estava tão moída por dentro nestes últimos anos. Nem lembrava mais como era dar uma risada boa, gostosa, sem preocupações. E, claro, não sabia disso.
Fui me dar conta do quanto estava perdida lá na casa da Diely, em São Paulo. Falar com ela, rir com ela, beber com ela, e não podia deixar de ser, lembrar o passado com ela me fez tão bem e me mostrou o quanto eu andava perdendo meu tempo com coisas que não importavam. Com pessoas que não importavam. Com pessoas que não se importavam. O carinho, a atenção e até o jeito grosso de me dar nos dedos, credo, quanta falta tava me fazendo!!!
Por que ali, junto com ela, com a Dieny, esta minha pretinha linda que eu vi crescer, eu me senti de novo aconchegada, em família. Eu podia fazer o que eu quiser, e eu fiz, dei uns vexamezinhos bêbada, falei alto no bar, quase apanhamos de uns paulistas que ouviram eu provocar o garçom falando mal de paulista, mas nada importava, eu tava em casa, tava com gente minha.
Faz quanto tempo que eu não me sentia assim? Eu não consigo lembrar...não consigo precisar quando foi a última vez que eu me senti tão cuidada.
Encontrar a Diely mais velha, mais centrada, mais experiente, olhar pra ela e ver o quanto tudo isso fez bem pra ela, o quanto a tornou uma mulher mais bonita, mais atraente. E como que pode, né? Mas é assim, minha amiga depois de velha tá mais bonita. Não sei se é o olhar mais sereno, o corpo mais tranquilo em seus gestos, se é o sorriso mais acolhedor, ou se é tudo isso junto. Estas coisas me fazem filosofar sobre o tempo, sobre quanto tempo a gente se conhece. Me vem cenas na cabeça como num flash, ela na sua bicicleta branca, pedalando e rindo, ela no primeiro dia de aula, bem séria, bem compenetrada, no saguão, escutando a diretora chamar as turmas trepada numa mesa. Ela pedindo um pedaço de tomate pra tia da cantina. Ela escrevendo o nome por todas as paredes do colégio com giz.
Já fazem 21 anos que a gente se conhece e parece que foi ontem. Tanta coisa que vivemos, mas parece que foi ontem!!!! Uma vez o pai da Bia não deixou eu retirar o remédio que o pediatra receitou na farmácia que ele tinha convênio. Voltei pra casa sem o remédio porque não tinha dinheiro pra comprar. A Diely pegou o nome do remédio, comprou e mandou entregar no meu trabalho. Isso deve fazer uns 13 anos. E eu não esqueço. E isso me mostra o coração desta guria.
Lá na casa dela, a gente conversou tanto. Ela me contou coisas que eu nunca tinha ficado sabendo da infância dela. E voltei admirando minha amiga, nossa, ela já era uma baita mulher, mesmo quando era apenas uma menininha! E entendi tanta coisa. Este jeito meigo de cuidar sempre dos outros, mesclado com este jeito grosso de falar. Entendo tudo. Tu te faz de grosseirona, mas não passa de um coração mole e delicado.
Ai, amiga. Quanta falta tu fez!!! Mas acho que tinha que ser assim. Eu tinha que passar o que passei, do lado de quem passei. Como já te disse, se tu tivesse aqui do meu lado não teria deixado eu fazer tanta loucura pra continuar estudando. Porque tu vê nos meus olhos. Tem coisas que eu não preciso te contar. Tu vê com o teu coração.
Obrigada por tudo! Mas acima de tudo, mais do que grata, eu me sinto orgulhosa de poder dizer que sou tua amiga. Tu és uma baita mulher, guerreira, batalhadora, doce e carinhosa.

Eu te amo muito!!!!
Obrigada por me botar de novo no meu caminho!!! Por me lembrar quem eu sou!!!

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