quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Querer mais

Diana estava encantada com Roque. Ele tinha olhos de mar e seu sorriso iluminava o coração dela. Mas ele não parecia notar. Surgiu então Bernardo. Ela acreditou no brilho dos seus olhos. Apesar de saber que era loucura, que eram completamente diferentes, apostou na relação. Acreditou nos sessenta anos. Acreditou no carinho de “chinoca”. Bernardo impaciente queria mais. Logo as brigas tiveram lugar. Os olhares mágicos foram rareando. O abraço balsâmico foi diminuindo. Bernardo não entendia Diana. Não aceitava suas argumentações. Ele pôs a culpa nela e a deixou sozinha. Ela ficou meio boba, meio aturdida. Sua alma ficou um tempo em silêncio até que entendeu que era melhor assim. E Roque ainda estava por perto. Foi impossível não voltar a olhá-lo. Ela se apaixonou. Amava aquele olho triste de homem do campo. Ele a notou. Cada dia para Diana era uma bênção porque o amor que sentia aquecia seus movimentos, sua fala, seus pensamentos. Mas ela queria mais. Queria que Roque a escolhesse. Queria que ele a escolhesse dentre as outras. Para Diana, era necessário que seu amor fosse livre, que não fosse resultado de vários acontecimentos, de um “deixa rolar”, queria ser eleita a ilustre merecedora daquele sorriso lindo. Racionalmente. Por isso se afastou. Ficou ali olhando-o. Não mais esticou os braços para enlaçá-lo. Esperava que ele o fizesse. Mas quando o olhava, se sentia tão bem que chegava a ficar meio tonta. Na aula de fisiologia aprendeu: muita produção de endorfina, os apaixonados sofrem disso... era tão claro, tão material e real que chegava a ter vergonha...


Roque ou não entendeu, ou decidiu por outro caminho... e também não procurou Diana para esclarecer...

E então, eis que Bernardo volta. Diz que foi um grande idiota. Sim. Somos todos grandes idiotas. Os sessenta anos agora pra ela é uma piada. Descreu.

Mas o amor nunca é desperdiçado. Ele retorna, mesmo que de lugares de onde menos se espera... e Diana agora, já sabe amar...não mais Roque, não mais Bernardo, ou sempre Roque e sempre Bernardo, ou outros Roques e outros Bernardos. Numa dança perfeita o amor cresce, muda, eleva. Basta saber ler suas instruções.



Conforme o bruxo que tanto admira: "o amor será sempre o seu guia”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário