Hoje revi umas fotos antigas, de anos atrás. Eu parecia uma menina, uma cara de criança, uns braçinhos magrinhos. Nem faz tanto tempo assim, mas já percebo muito claramente as mudanças operadas em mim. Não sou mais uma menina. Não tenho mais aquele ar de desamparo. Não passo mais por tanta dificuldade. Estou muito melhor. E pensar nisso, me dar conta disso, me traz novamente uma falta. Uma falta enorme, uma saudade sempre presente. Acho que saudade é isso. É uma presença constante de algo que não está mais.
Eu sempre soube que quando tu fosses embora, eu sentiria muito, doeria muito. Sempre soube que não seria fácil. Mas é muito maior que isso. É um desejo incessante de que voltes, de que estejas aqui novamente. É um não se acalentar, um não parar de esperar, um desejar continuamente.
Eu queria saber ao menos se estás bem, se estás sorrindo, se estás orgulhoso de mim. Eu queria qualquer coisa na verdade, uma folha, um galho, uma pedrinha de notícia. Tudo que faço é pensando em ti. Tudo que planejo, tudo que sonho, tudo que espero, em toda minha vida tu estás sempre presente. Fazes parte de mim de uma forma tão intensa e tão terna que estás sempre comigo, e por mais que a dor da separação magoe, tua ternura imensa e a gratidão por teres passado na minha vida acalentam muito mais, adoçam muito mais. Tua ausência então se torna um troféu, um prêmio que ostento com orgulho, porque tua ausência na minha vida, marca a presença que fostes um dia.
Eu te amo.
Me espera, pai.

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