A gente era feliz. Mas num tempo onde hoje não se encontra colocação. Será que este tempo existiu? Então como ele está aqui ainda, presente em meus recuerdos?
Ríamos juntos. Por mais incrível que isto possa parecer: a gente ria, um ao lado do outro. Por bobices. Por nossas bobices. E como tínhamos bobices! Pegávamos os cachos de uva que o pai comprava de caixa e saíamos comendo. Mas estragávamos mais da metade. A gente enfiava os gomos esmagando nos olhos e dizendo "come um pouquinho", como se isso fosse uma atitude madura e cheia de graça. Mas a gente ria. Nossa, a gente se matava rindo destas bobagens... O pai fazia uma "cascata" pra gente na piscina, lembra? Em verdade vos digo que era só a mangueira enfiada no pé de limão...mas pra gente era Foz do Iguaçu no pátio de casa. Se atirar na piscina sem antes gritar "Super Nescau, energia que dá gosto, uhú!", também era uma atitude impensável naqueles tempos. Tínhamos o "paraíso". A leitura dos adultos descrevia como um terreno que estava sendo retroescavado. Pobres infelizes que chegam à idade madura, né? Era nosso paraíso! Corríamos e nos atirávamos na terra vermelha, era tri bom cair no barro. Brincar com o Mano e a Nina. Brigar por causa da rede quando acampávamos. Brincar de esconder. Subir no pé de chorão. Correr na calçada. Andar de balanço na garagem. Andar de "bici". Voltar da escola. Brigar por quem ia "trabalhar com o pai".
Depois...depois...esta parte é tão difícil de descrever... nos afastaram, resumindo...hoje, sinto muito a tua falta. Este espaço vazio, ninguém tomou. E ele fica aqui, me falando de ti, do teu riso, da felicidade que não vejo mais no teu rosto. Talvez isso seja necessário. Sei lá porque... mas és um pedaço da minha vida. Da minha infância tão feliz. És o único que testemunha aqueles tranquilos anos.
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