quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O digníssimo Enem

Sai finalmente o resultado das fatídicas e odiosas provas do Enem. Um processo patético e hipócrita que oculto pelo discurso de averiguar o desempenho dos alunos de ensino médio, com certeza sedimenta motivos vis e financeiros. Afinal de contas, virou um ato de prostituição do ensino brasileiro, com a obrigatoriedade da adesão das universidades federais (na fala este processo é facultativo, na prática as instituições estão aderindo para não ocorrerem represálias, onde leia-se menos investimento palavra esta sinônima de dinheiro) e nosso magnífico Prouni. Este pra mim um programa que iniciou bem e com bons intentos, mas também vendido à máquina institucional e financeira deste sistema capitalista em que vivemos. As digníssimas instituições particulares se atiraram no Prouni porque iriam lucrar muito mais com os incentivos que o governo federal oferece do que se mantivessem seus programas filantrópicos próprios que serviam só para marketing, mas que lhe causavam prejuízo. Agora com o Prouni, além de marketing as instituições de ensino superior privadas também conseguem obter retorno financeiro (outra vez dinheiro). Assim, com o passar do tempo e a corrupção do programa, corrupção esta nossa velha amiga que impregna todos os atos da sociedade atual desde o piscar de olhos do cidadão comum até os decretos federais, vários cidadãos não-merecedores do benefício da bolsa se regalam com o desconto, enquanto que alunos carentes se quebram pra continuar estudando até a desistência final.
O Enem não avalia o desempenho dos alunos de ensino médio, porque nas atuais conjunturas faz-se cursinho para prestar o dito exame. Estuda-se até estourar os miolos para alcançar boas notas. E o resultado não é o testemunho do que as escolas de ensino médio fizeram pelos alunos. É o resultado do cálculo feito entre as varáveis: condições financeiras que o estudante possui para se qualificar pós ensino médio, tempo de dedicação que o mesmo possui para entregar aos estudos e saúde mental para suportar todas as pressões caso ele não seja o honorável herdeiro provido de todo contexto para alcançar o objetivo, que é uma vaga numa federal ou o desconto numa particular. O resultado é o que o aluno consegue fazer por ele próprio com as armas que tem. Os melhores armados (leia-se dinheiro) terão as melhores colocações neste guerra.
Neste patético país não basta inteligência, é preciso estar nos critérios pré-definidos, e também comprovar os mesmos. Um único documento faz com que todo o teu esforço caia por terra, indiferente de tuas qualificações. E agora estas notas. Vamos lá, vamos continuar lutando, vamos continuar guerreando, até nossos corpos e espíritos desistirem de tanta hipocrisia e quedarem-se exaustos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário