Começou tudo há meses atrás. A
Renata Trempte falava com os estudantes no final da edição de inverno do VER
SUS Porto Alegre e Região Metropolitana 2012. Eu estava muito feliz. A vivência
tinha sido linda! A adrenalina circulava no meu corpo, eu estava muito
excitada, muito emocionada, também triste em ir embora e deixar tudo. E foi tudo tão lindo! Sobre a vivência eu escrevi em http://cintiavvs.blogspot.com.br/2012/07/vivencia-e-experiencia-da-realidade-do.html. Renata continuava falando lá na frente, no auditório da Enfermagem da UFRGS,
dizia que os estudantes de Porto Alegre e Região Metropolitana tinham que constituir
um grupo para organizar o próximo VER SUS, que o VER SUS começou e foi criado
pelo movimento estudantil e que a Rede Unida não iria mais organizar. “Sozinhos
não vamos mais”. De toda a fala dela o que me chamou a a tenção foi “estudantes
de Porto Alegre e Região Metropolitana”. Eu questionei o fato de eu estar
estudando em Pelotas. Renata então me respondeu: “Seria melhor que os
estudantes do interior constituíssem grupos em suas regiões”.
Eu saí de lá braba. Não sei se braba
seria a palavra certa. Eu saí resmungando por dentro. Seria melhor pra quem?
Humpf! L
Depois de todos abraços de
despedidas, Thalita querida que levou um pedaço do meu coração, Luíza nossa
gerente tão humana, e tantos e tantos outros, enfim o Richard me dá um abraço
bem apertado e diz: “Nos vemos no dia dezoito, né?”.
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| 18 de agosto de 2012 |
Dia dezoito de agosto de 2012.
Primeira reunião dos interessados em manter o projeto. Providencialmente estávamos em greve nas universidades federais. Eu fiquei em Novo Hamburgo
agilizando algumas coisas. E fui na reunião. Daquele grupo enorme de mais de
cem pessoas que éramos na vivência, lá estavam, numa sala da ESP-RS, uns vinte estudantes. Não sabíamos
o que fazer. Mas queríamos muito fazer. Tantas dúvidas: como começar? Quem
contatar primeiro? Quem precisamos? Quem financia? Mas não é do Ministério da
Saúde? Como vamos divulgar? Se fizéssemos um fórum?
As perguntas mais nos faziam pensar
do que nos davam respostas. O envolvimento de todos foi contagiando, foi
criando alguma coisa no ar...
As reuniões foram se sucedendo. Eu
continuava sem conseguir responder o que a Bruna me perguntou numa das primeiras reuniões: “Mas tu não moras em Pelotas? E tu vem pra participar com a gente
aqui?”. Na época, só o que eu podia dizer pra Bruna é que eu estava sem aula,
na greve, e por isso estava participando. Ainda era só o que eu mesma sabia
sobre o que estava acontecendo comigo...
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| 20 de outubro de 2012 - I Fórum |
As construções continuavam. Olhando
agora pra trás e vendo o que fizemos, eu fico até com medo dessa gente! Eles
podem dominar o mundo, cuidado pessoas! Eles são dedicados, comprometidos,
apaixonados! Eles vão e conseguem, mesmo que do próprio esforço, do próprio bolso. Realizamos o I
Fórum VER SUS Porto Alegre e Região Metropolitana – Novos Olhares sobre a saúde: quebrando paradigmas. Foi um junta
daqui junta dali, pede bolacha pro café, faz o logo do evento, recebe as
inscrições por e-mail, convida palestrante, confirma palestrante, sai por aí
pedindo auditório, pede a cozinha da ESP, compra o pó de café, imprime as
inscrições, cada um catou um pedaço a fazer e foi tricotando. Depois houve as construções para a vivência, houve a vivência de verão, houve o II Fórum VER SUS Porto Alegre e Região Metropolitana: As diversas faces do SUS.
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| 04 de maio de 2013 - II Fórum |
Ao longo deste percurso de trabalho
e de amizade, houveram momentos de incerteza, de dúvida. Eu mesma não sabia
dizer porque ia de Pelotas a Porto Alegre para estar com o grupo. Estar com
cada um era sempre uma alegria imensa, havia algo no ambiente, algo que
contagiava, que acalentava. Todos mordidos pelo bichinho da cidadania, todos
querendo um mundo melhor. Teve períodos de repensar, teve momentos em que eu
precisava entender o que estava acontecendo comigo. E teve um momento em que eu
achei que era melhor me agregar a outro grupo. E esse simples fato foi um marco
para eu entender o que é o Elos pra mim. Descobrir outro grupo e como ele é, me
fez entender o quanto o Elos é lindo! Esse ponto de comparação me fez
finalmente poder responder a pergunta da Bruna, lá no início do Elos, quando a
gente já era laços, já era elos, mas ainda não se auto-denominava assim.
Assim que começou a
bruxaria. Porque tem uma bruxaria nesse grupo, ah isso tem! Um feitiço que nos
encanta, que nos faz ficar dependentes, que nos faz sentir saudades, desejar a
presença.
Bruna, agora te respondo:
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
são éticos.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
estão comprometidos com a saúde pública.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
lutam (e muito!) para melhorar as condições de saúde e de vida das populações
que temos contato.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
respeitam uns aos outros.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
gostam uns dos outros.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
escutam uns aos outros.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
acolhem uns aos outros.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
estão sempre de braços abertos a todos que queiram agregar.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
erram e entendem a humanidade disso.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
acertam e preenchem o meu vazio aquele de vontade de lutar.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
são sérios, apesar de me fazerem sorrir o tempo todo.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
multiplicam.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
são cidadãos e exercem isso.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
crescem com cada construção nossa, e isso é tão lindo.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
me ensinam sempre, o tempo todo, nas boas e nas ruins.
Eu sou Elos Coletivo, porque com
vocês eu me sinto completa e realizada como futura profissional de saúde: é
esse o caminho que quero fazer.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
me oportunizaram ver o que quero ser quando crescer e mais que isso, me deram
as mãos para sermos “crescidos” todos juntos.
Eu sou Elos Coletivo, porque vocês
tem coisas lindas que só vocês tem e eu não achei em outros lugares, em nenhum
dos outros lugares que procurei!
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| Elos Coletivo no Mental Tchê 2013 |
É por isso que viajo do sul do
estado até a capital, gasto dinheiro que não tenho, pego carona, falto aula, arrisco perder cadeiras, atrasar minha formatura, deixo a minha
filhota, largo as coisas que tenho pra fazer e vou pra Porto Alegre. Porque me
completa, porque é mágico, porque me retorna, porque me preenche, porque me
eleva, porque me ensina, porque me forma, porque me estrutura, porque me
comove, porque me ensina a lidar com frustrações, porque me arraiga, me
arrebata, me constrói.
Num mundo, repleto de “Palhaços
Pena”, que se movem por interesses pessoais, por satisfações próprias, por uma
busca incessante de seu Id de encontrar prazer próprio/individual, satisfazer a
máquina que chamamos de corpo/mente, verdadeiros animais, eu encontrei vocês, e
não largo nunca mais!
Porque com vocês “eu sinto que sei
que sou um tanto bem maior” (Fernando Anitelli).







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