segunda-feira, 27 de abril de 2015

Viver?

Estou me sentindo como se não existisse.
Como se eu flutuasse, mas não é uma sensação boa, é uma sensação de morte, de não-existência. Uma dor.
Consegui o tão sofrido e sonhado canudo, me formei em Terapia Ocupacional em agosto do ano passado. Mas parece que luta não pára, nunca pára. A Feevale, enquanto eu estudava em Pelotas, me processou pelas seis disciplinas que fiquei devendo. Fui julgada à revelia por não estar aqui. Fui condenada sem nem mesmo saber. Enquanto eu lutava pra sobreviver em Pelotas, vivendo com minha filha, numa situação de vulnerabilidade social, com bolsa de assistência estudantil porque sim, eu era uma aluna carente, sem condições de me manter estudando lá, enquanto eu passava por muitas dificuldades, a Feevale sordidamente me tratava como uma criminosa. E pensar o tanto que eu trabalhei na pesquisa dessa que se diz uma universidade comunitária, o quanto eu divulguei o nome deles em várias instituições, apresentando trabalhos, publicando trabalhos. O quanto eu trabalhei ali dentro, eu vivia ali mais de doze horas por dia, escrevendo, analisando dados, formatando artigos. Até hoje tem uma caixa lá com meu nome. Ali era minha casa. Ali eu dei meu sangue, meu suor, minhas lágrimas e todo meu esforço. É inacreditável que essa instituição, que se diz tão voltada para a comunidade, que possui um mestrado em Inclusão Social, seja tão perversa.
Só fiquei sabendo do processo no final do ano passado quando tiraram da minha conta do Banco do Brasil R$ 2,97, por ordem judicial, minha conta foi bloqueada por eles. De tão trágico chega a ser cômico. Dois dias depois creditaram de novo o valor que me tomaram. Frustrados talvez pela miséria que encontraram.
Procurei a defensoria pública, eles me informaram que iriam tentar um acordo, porém que é muito difícil reverter um processo julgado à revelia.
Hoje entrei no site para acompanhar o processo e vi que o juiz determinou que continue a sentença, meus bens sejam penhorados, caso não haja bens que seja penhorado os bens encontrados no meu endereço. Gente, esse é o retrato mais fiel do capitalismo! Novamente, de tão trágico é cômico. Não tenho nada em casa. Todos meus móveis são de segunda mão. Rasgados, deteriorados com o tempo. A estante da sala eu fiz com madeira de demolição. É patético. Dá vontade de rir só de pensar no oficial de justiça vindo aqui fazer uma lista das coisas. As minhas pobres tralhas não pagam nem o frete para carregá-las. Só não rio, porque penso na vergonha que isso me causaria. As pessoas, os vizinhos, nossa que humilhação! Depois de tudo que fiz pela Feevale, sério, é inacreditável isso!
A vontade que tenho é de ir até a reitoria e me cortar, fazer gotejar no chão branquinho meu sangue, gritar que isso sim é algo meu, de valor, e que tomem então meu sangue como pagamento, porque mais não tenho pra dar. Nunca tive. Inclusive por isso meu desejo insano de tanto querer estudar. Para ter coisas. Para ser gente. Mas parece que isso não é pra mim...

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